LIÇÃO 7- Miqueias - A Obediencia está acima dos rituais

LIÇÃO 7- Miqueias - A Obediencia está acima dos rituais



“Quem e como Jeova?” —eis o significado do nome Miqueias, um
dos profetas mais respeitados de sua geracao. Curiosamente, no capitulo 7 e versiculo 18 de sua profecia, essa indagacao e evocada, quando lemos a exclamacao de Miqueias: “Quem, o Deus, e semelhante a ti?”.

Conta-nos o profeta Jeremias que, certa vez, as profecias de Miqueias obre a destruicao de Jerusalem foram, indiretamente, a razao pela qual
ele teve sua vida poupada. Quando os principes de Juda, os sacerdotes e os profetas se reuniram para decidir se Jeremias deveria ser executado por profetizar a ruina de Jerusalem e do Templo, alguns dentre os anciaos do povo o salvaram ao lembrar que Miqueias profetizara o mesmo em sua epoca e nao fora condenado pelo rei Ezequias, que, muito ao contrario, temeu ao Senhor, se arrependeu de seus pecados e clamou a Deus para que poupasse Jerusalem e seu povo em seus dias (Jr 26.10-19,24), enquanto o rei Jeoaquim, muito tempo depois, agiria diferentemente como profeta Urias (Jr 26.20-23).

A reacao do rei Ezequias a profecia de Miqueias nos revela duas coisas:


como Ezequias foi um rei temente a Deus e como Miqueias era respeitado pelo rei. Curiosamente, seu contemporaneo, o profeta Isaias, profetizou sobre os mesmos temas, so que de forma muito mais extensae detalhada, de maneira que se costuma dizer que as suas profecias nada mais sao do que a ampliacao das de Miqueias.
Tanto Isaias quanto Miqueias eram do Reino do Sul, isto e, do Reino de Juda; porem, enquanto Isaias era um profeta palaciano de Jerusalem, um nobre que profetizava na corte real, Miqueias era um homem muito simples, um homem do campo, que residia em uma pequena aldeia chamada Moresete-Gate (Mq 1.14), que distava pouco mais de 30 quilometros ao sudoeste de Jerusalem, na fronteira de Juda com o territorio filisteu. Miqueias era, enfim, um profeta com um ministerio mais voltado para as pessoas comuns. Mesmo assim, como mostra o texto deIsaias, seu ministerio repercutiu ate mesmo no palacio real, durante os dias do rei Ezequias. Isso nos mostra que, seja onde estivermos — no “palacio” ou em uma distante, pequena e insignificante “aldeia” — se mantivermo-nos no centro da vontade divina para nossas vidas, sendo fieis ao chamado de Deus, nossa vida e ministerio farao diferenca.

 

Contexto Histórico e Propósito do Livro

Miqueias profetizou nos dias dos reis Jotao, Acaz e Ezequias em Juda (Mq 1.1) e dos reis Pecaias, Peca e Oseias em Israel (2 Rs 15.23-30), e sua mensagem era tanto para Juda quanto para Israel (Mq 1.1-9). Ele
predisse o cativeiro do povo do Reino do Sul e do Reino do Norte. Viu a queda de Samaria pela Assiria e a queda de Jerusalem pela Babilonia.
Pelos reis que lhe foram contemporaneos, , o periodo de seu ministerio profetico pode ser estabelecido de 752 a.C. a 697 a.C. Um detalhe muito significativo e que Deus escolheu Miqueias para profetizar o local do nascimento do Messias (Mq 5.2; Mt 2.1,5,6).
A mensagem de Miqueias pode ser dividida, fundamentalmente, em duas partes: na primeira, que compreende os capitulos de 1 a 3, ele denuncia os pecados de Samaria e Jerusalem, e anuncia a condenacao vindoura; e na segunda, que vai do capitulo 4 ao 7, ele traz uma mensagem de consolacao, de redencao do povo judeu e de promessas de bencaos.
Outro destaque da mensagem de Miqueias e que ele foi usado por Deus tambem para denunciar a opressao e as injusticas sociais em Israel, especialmente nos capitulos 2 (w. 1,2,8,9) e 3 (w. 2,3,11), mas tambem no capitulo 6 (w. 8-12).

Primeira Parte (Capítulos 1 a 3): Denúncia contra os Pecados de Judá e Israel

Apos anunciar introdutoriamente que a mensagem que Deus lhe dera era tanto para Juda quanto para Israel (Mq 1.1), Miqueias comeca dirigindo-se ao Reino do Norte, destacando sobretudo a idolatria que grassava em Samaria (Mq 1.1-8), e que levara o povo a varios outros tipos de pecado.
Diante desse cenario de imoralidade em Israel, o profeta diz que lamentaria “despojado e nu”, pois a “chaga” daquela nacao era “incuravel”. A expressao traduzia por “nu” aqui e, no original hebraico, 

'eryãh, e geralmente aparece na Biblia referindo-se a uma nudez parcial, apesar de poder significar tambem “nudez completa e inaceitavel”.1 Trata-se, segundo a maioria dos expositores biblicos, de uma referencia ao estar mal vestido, usando apenas as vestes exteriores (como em 1 Samuel 19.24) e,no caso, como sinal de luto.2 Em seguida, Miqueias fala da iniquidade de Juda (Mq 1.9-16). Ena sequencia, ele afirma que por causa da impiedade de Juda e Israel as duas nacoes sofreriam cativeiro (Mq 2.1-11). Alias, no capitulo anterior, ele ja anunciara a ruina citando cidades cujos nomes tem significados que sao mencionados
durante a profecia, em um jogo de palavras: Bete-Leafra —“casa de po” (Mq 1.10); Marote —“amargura” (Mq 1.12); Laquis —“confianca em si mesmo”, uma alusao a arrogancia da antes “inexpugnavel” Laquis, que seria arruinada (Mq 1.13); Aczibe —“engano” (Mq 1.14); e Adulao —“herdeiro”, que receberia uma terrivel visita do “herdeiro” (Mq 1.15).

A mensagem de restauracao e antecipada nos dois ultimos versiculos do capitulo 2 (w. 12,13) e o capitulo 3 conclui essa primeira parte caracterizada por denuncias com profecias onde os lideres do povo sao
repreendidos por suas injusticas. Um detalhe aqui e que todos os tres grupos de lideres da nacao sao mencionados: os lideres civis (Mq 2.1-4), os profetas (Mq 2.5-10) e os lideres religiosos, isto e, os sacerdotes (Mq 2.11). Miqueias arremata deixando claro que os pecados dos lideres afetariam
toda a nacao (Mq 2.12).

Segunda Parte (Capítulos 4 a 7): Mensagem de Restauração
 
O glorioso capitulo 4 de Miqueias fala da restauracao completa de Israel, que ocorrera no futuro, quando do advento do Messias. O teologo judeu pentecostal Myer Pearlman reproduziu em uma de suas obras um esboco muito interessante dos primeiros oito versiculos desse capitulo, que falam de nove caracteristicas do reino milenial de Cristo:
 
1 .Administracao universal — “O monte da Casa do Senhor sera estabelecido no cume dos montes” (v.1).
 
2. Visitacao universal —“E concorrerao a eles os povos” (v. 1).
 
3 .Educacao universal —“Ele nos ensinara acerca dos seus caminhos” (v. 2).
 
4. Legislacao universal —“De Siao saira a lei” (v. 2).
5. Evangelizacao universal —“A Palavra do Senhor saira de Jerusalem” (v. 2).
6. Pacificacao universal —“Uma nacao nao levantara a espada contra a outra” (v. 3).
7. Adoracao universal —“Andaremos em nome do Senhor nosso Deus” (v. 5).
8. Restauracao universal —“E da que coxeia farei um resto e da que estava lancada para longe, uma nacao poderosa” (v. 6).
9. Coroacao universal —“E o Senhor reinara sobre eles” (w.7,8).3

Miqueias deixa claro que o cumprimento dessa profecia se dara em um futuro mais distante, porque em um futuro mais proximo viria a dor e sofrimento do cativeiro, quando o povo seria levado a Babilonia
(Mq 4.9,10). Deus, porem, faria com que as nacoes que levaram cativo o povo de Israel e Juda fossem castigados (Mq 4.11-13).

No capitulo 5, vemos a predicao do nascimento do Messias  (v. 2) e a instituicao do seu reino milenial na Terra (w. 3-15).
Nos capitulos 6 e 7, as promessas de restauracao sao intercalada spor uma extensa palavra de exortacao divina sobre
 
as maldades do seu povo, que e alertado para o fato de que Deus nao o pouparia do juizo iminente.
Mais razoes sao apresentadas para esse juizo: o povo vivia um terrivel formalismo religioso (Mq 6.6,7), cometia perseverantemente injusticas sociais (Mq 6.8-12) e a corrupcao era generalizada, afetando ate as relacoes familiares (Mq 7.1-6). A salvacao do povo, frisa Miqueias, estaria em confiar no Senhor (Mq 7.7).
Por fim, o livro e concluido com mais uma mensagem gloriosa de restauracao (Mq 7.15-20), que ressalta a grandeza da misericordia divina (w. 18,19) e a fidelidade de Deus em cumprir as suas promessas (v. 20).
 

Uma Palavra contra o Formalismo Religioso
  
Um dos temas centrais de Miqueias e o combate ao mero formalismo religioso. O verdadeiro crente deve viver como tal. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamentos falam muito disso.
A Palavra de Deus assevera que “Deus preparou [as boas obras] para que andassemos nelas” e que e nosso dever fazer o bem (Ef 2.10; Tg 4.17). Logo, as obras nao sao dispensaveis para o cristao. E verdade que, por outro lado, este nao deve confiar nelas para a sua salvacao, porque, como tambem afirmam as Escrituras, a nossa salvacao “nao vem das obras, para que ninguem se glorie” (Ef 2.9). As boas obras nada mais sao do que a obrigacao natural de todo crente, fazendo parte da confirmacao (Mt 3.8) e do desenvolvimento da fe (2 Pe 1.3-11). Por isso, quando a Igreja for arrebatada, passara pelo
Tribunal de Cristo, quando cada um recebera ou deixara de receber galardao conforme a pratica das boas obras (2 Co 5.10).
As obras sao consequencia natural da salvacao, seus frutos naturais. Quando Tiago fala que “a fe sem obras e morta” e quando Jesus fala do julgamento entre “bodes” e “ovelhas” destacando as obras (Mt 25-31-46), o que esta em foco e a falsa profissao de fe. Essas passagens nao  estao dizendo que as obras sao decisivas para a nossa salvacao, mas estao enfatizando que elas sao um sinal externo, o resultado logico, de uma genuina conversao, e que, portanto, se alguem chama Jesus de “Senhor”
e diz que e salvo em Cristo, mas nunca se importou em viver o evangelho, e porque de fato este nunca foi salvo de verdade ou, se o foi um dia, perdeu de vista o proposito da sua salvacao, esfriou na fe e porque nao se arrependeu de sua atitude, mas continuou deliberadamente no erro, tornou-se um crente falso. Lembremo-nos de que o texto de Tiago e uma exortacao para pessoas que ja eram salvas, mas que estavam falhando em praticar e desenvolver a sua fe, isto e, a sua salvacao.
O texto de Mateus 25 diz que no rebanho do Filho do Homem (Jesus) havia “ovelhas” (crentes verdadeiros) misturadas com “bodes” (crentes falsos) e que, no final dos tempos, o Pastor Jesus separara uns dos outros (Mt 25.32). Os que foram salvos no grande julgamento de Mateus 25 nao o foram porque as obras salvam. Jesus evidencia as suas boas obras aqui apenas para destacar o sinal visivel da verdadeira profissao de fe em contraste com uma confissao de fe falsa. Na confissao de fe falsa, as pessoas o chamam de “Senhor”, mas nunca o tiveram realmente como tal (os “bodes”). Sao apenas crentes nominais, nunca foram salvos de fato —ou se ja o foram um dia, esfriaram na fe e se desviaram, vivendo um cristianismo so de casca, de aparencia, sem conteudo. Ou seja, as obras foram destacadas nesse trecho do Sermao Profetico porque Jesus queria frisar que so irao subir aos ceus os crentes verdadeiros, nao os meramente nominais. Ele nao estava querendo dizer que as obras sao a causa da salvacao. Tanto e que, em outro sermao neste mesmo Evangelho de Mateus, mais precisamente no Sermao da Montanha, Jesus fala de crentes que professam fe em Jesus, que em algum momento de suas vidas praticaram boas acoes em nome dEle (ate milagres), mas que nao se importaram em viver uma vida de santidade —como diz o texto, praticavam a iniquidade — e se perderam eternamente (Mt 7.21-23). Suas boas obras e o chamar Jesus de “Senhor” nao foram suficientes, porque se eles fossem crentes de verdade, nao viveriam em iniquidade.
 
O Paralelo entre Salvação-Obras e Justificação-Santificação
A santificacao vem antes da justificacao? Nao, mas apos ela. As obras vem antes da justificacao? Nao, mas apos ela. Eu nao me santifico para ser justificado, nem faco boas obras para ser justificado — sou justificado pela fe, e nao pelas obras; mas, porque fui justificado, devo ser santi
ficado e praticar boas obras.
Estas sao a consequencia natural da minha salvacao. Se  fui realmente, de fato, convertido a Cristo, salvo em Cristo, desejarei vivencialas. O que eu faco para Deus nao e mais importante do A que aquilo que Deus fez por mim. O que eu faco para Deus e meu dever depois do que Ele fez por mim! Alias, mais do que um dever: um prazer tambem!
Fonte:  CPAD Os Doze Profetas Menores (Alexandre Coelho e Silas Daniel)

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